segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cama Patente



Celso Martinez Carrera

... inventada e fabricada no Brasil.

Você tem uma cama patente? Se tiver cuide bem dela, pois esta cama é um divisor de águas para história do mobiliário brasileiro. O valor de mercado não é muito alto, pois este móvel além de bastante resistente, se tornou tão popular que são muitas as famílias que ainda possui um exemplar original, embora esteja se tornando cada vez mais rara e consequentemente mais cara. Porém o seu valor para história do design nacional e inestimável. Conserve sua cama patente ela é sinônimo de bom gosto e conhecimento em design.

A cama patente desenvolvida por Celso Martinez Carrera (imigrante espanhol e radicado em São Paulo) marcou o inicio da modernização do mobiliário brasileiro. Foi projetada em 1909 e comercializada a partir de 1915, inicialmente feitas apenas por encomenda e mais tarde em escala industrial.
Serviu de inspiração também para vários ditos populares, quando se queria dizer que alguém gostava muito de dormir se dizia “tirou patente para dormir”; por ser funcional resistente e barata se tornou um belo exemplo do que, antigamente, se denominavam de “3B” (bom, bonito e barato), 


Cama Patente - modelo  tradicional
 
Foi exatamente pelo excelente projeto do Celso que não poupou ousadia e apostou na praticidade, na racionalidade da produção e na funcionalidade que a cama patente se tornou no marco inicial para o design moderno brasileiro. Criada no inicio da Primeira Guerra se beneficiou da dificuldade de importação do móvel europeu. Apesar de ter sido concebida para atender a uma clinica médica em Araraquara/SP com o objetivo de substituir as camas de ferro importadas da Inglaterra, a cama patente se tornou popular como peça do mobiliário da casa brasileira. Essa popularidade foi tão intensa que as pessoas afirmavam que ela seria a substituta da rede.

Luigi Liscio

Mesmo a cama patente tendo uma história de sucesso, ela trouxe grandes magoas e aborrecimentos para o seu criador. Celso Martinez Carrera teve que interromper a produção da sua obra prima na Fábrica de Móveis Carrera, pois não havia patenteado sua invenção e, ainda que, sem a menor dúvida da sua autoria perdeu o direito para o imigrante italiano Luigi Liscio que pateteou e passou a deter o direito de fabricar a cama patente na Industria Cama Patente L. Liscio S.A que se beneficiando do maravilhoso projeto de Celso Carrera e foi a precursora da produção moveleira seriada no país, conseguiu conquistar todo o mercado brasileiro, um verdadeiro sucesso de vendas. Há quem afirme que sem o espírito empreendedor de Luigi Liscio a cama patente jamais teria tanta notoriedade, apesar da genialidade do projeto.

A cama patente tem seu lugar eternamente reservado na história do design nacional ao lado de nada mais nada menos que a cadeira três pés, de Joaquim Tenreiro; a cadeira paulistano, de Paulo Mendes da Rocha; a mole, de Sérgio Rodrigues; cadeira levita, de Manuel Bandeira; a espreguiçadeira, de Oscar Niemeyer, de 1977; a Cadeira Peg Lev,de Michel Arnoult ; a cadeira favela dos irmãos Campana; entre outras. Não tenha dúvidas, o produto brasileiro passou a ter identidade forte e ganhou notoriedade internacional com os irmãos Campana mais tudo começou lá atrás com a cama patente de Celso Martinez Carrera.


Versão contemporânea do Fernando Jaegger e comercializada pela Tok Stok
Para quem admira o design da cama patente mais não gosta de peças antigas, existe também uma linda versão contemporânea, feita em 1980, pelo designer Fernando Jaegger que é comercializada pela Tok Stok no valor próximo de R$ 1.100,00. E para quem curte antiguidade a cama patente original  é vendida em antiquários com preço variados dependendo da madeira que foi confeccionada. As mais caras são de jacarandá com preços médios em torno de R$ 3.000,00, enquanto as de amendoim, pau-marfim sucupira tem preços médios em torno de 1400,00, já as de imbuia e pinho alcançam apenas uma média de 800,00 embora pela internet no mercado livre o preço está a partir de R$ 240,00 ( vale apena conferir a madeira, ver o estado e se realmente é original ).

 
Esta faixa azul classifica e da autenticidade a cama patente.



 


Ob.: todas as fotos foram retiradas da internet

25 comentários:

Adriana V Piacezzi disse...

Oi, Margíria!
Muito interessante esta publicação!
Um abraço,
Adriana.

Angelita disse...

Querida tem selinho lá no meu bloguito pra vc,passa lá.BJUS!
www.angelbutterflyangel.blogspot.com

Clara Sa disse...

Muito bom mesmo saber um pouco da nossa historia, parabens, um grande abraço.

JOSENIA CARLA MENDES disse...

Não acreditei quando li esta publicação pois, o avô do meu filho tinha uma e doou a um carrilheiro. Tomara que ele cuide.
Beijos

Adri Brome disse...

Olá Margíria,legal essa informação,eu não sabia que este tipo de cama se chamava patente e muito menos que ela tem importancia histórica.
É sempre bom aprender,mais e mais...
Bjus
Adri

MARAY OLIVEIRA DESIGN disse...

Olá Margíria!
Parabéns pela publicação. Gostei muito.
Amo Cama Patente... Faz Parte de minha infância e adolescência.
Abraços
Mara

Vivian disse...

Eu tenho uma cama dessas na casa la de Minas! Nossa, nao tinha ideia da história! Show!

http://extrememakeoverdavivi.blogspot.com

www.sosimplesassim.com.br disse...

Oi Márcia,
Vom conhecer seu blog e aproveito para convida-la para conhecer o meu.
Parabéns pelo seu.Muito bom!
Lylia

Cris disse...

Gostei da história! realmente um charme estas camas, ainda me lembro de quando era pequena. bjs

ingrid disse...

puxa vida !! acredita que dormi numa cama destas?? Já sou antiguidade, meu Deus!!

byTONHO disse...



Quando criança,
tive uma cama deste tipo.
É claro que era uma cópia.
Uma boa cópia.
Era muito barulhenta.
As molas faziam:
"nhec! nhec! nhec!"

Maravilha!

:o)

NSpada disse...

Oi Margarida!
Adorei sua publicação, muito interessante mesmo.
Abraço.
Nilce

Edna disse...

adorei saber um pouco da nossa história....foi muito em moda essa cama patente.
bjs Edna

mnm disse...

Gostei muito da matéria, posso publica-la no meu blog?? abç

madeira em forma disse...

Coitadinho do Celso. Sempre tem alguém mais esperto, né?!
Artista é assim mesmo, desligado do mundo burocrático.
Ótima postagem, Margíria.
Abraço

Arte_Jotaborges disse...

Muito legal esta matéria! Mais uma vez Parabéns!!!

Fê Dutra disse...

Olá Margíria!!!
Muito bom ler sobre a cama patente. Sou fã desde pequenina, pois vivia brincando em uma que tinha na casa de uma tia. Hoje virou moda, mas pra mim elas são atemporais.
um beijo

Unknown disse...

é essa cama fez parte de minha vida muito tempo bom rever isso abraço..

Artes da Natacha disse...

Gostei. Muito interessante. :D

Silvana Coutinho disse...

Mercinha,

Na casa da Vovó Alice tinham três camas dessas de solteiro, belos tempos, bela postagem!

MARISA VARELLA disse...

Oi Margiria,visitei o seu blog e já estou lhe sequindo. Adorei essa postagem da "Cama Patente"...Parabéns! Estou esperando sua visita!http://ateliemarisavarella.blospot.com
Um abraço!

Anônimo disse...

Comprei duas poltronas Patente recentemente, encontradas numa pequena marcenaria... Nem acreditei qdo as vi lá para serem restauradas... Na hora me lembrei das camas dos meus tios que ficavam na casa do meu avô... Minhas poltronas ficaram lindas!

Anônimo disse...

OI,
e onde entra a FAIXA AZUL nesta história ? Sou dsesigner e estive na referida antiga industria de moveis aos redores de Amparo-SP, se não me engano. Um paraiso do pensamento socialista de industria na época, tinha igreja, escola, casa de funcionarios, teatro-cinema, usina eletrica e serraria para toras. Conservada ainda pela familia do idealizador, as Industrias FAIXA AZUL também produziram as Cama Patente.

Unknown disse...

Boa tarde. Nós temos uma cama Patente que foi dos avós da minha esposa , e estamos usando normalmente. Nós colecionamos coisa antigas, mas não sabíamos que era tão valorizada desse jeito. Nós já cuidávamos bem dela, e de agora em diante vamos cuidar melhor ainda.

Unknown disse...
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